Era assim. Inventaram recentemente a palavra sextou e quando chegava a sexta-feira, a gente sextava. Pensava naquela cervejinha gelada depois do trampo e enxergava pela frente um sábado inteiro, um domingo inteiro. Fazer o quê? Acordar mais tarde, ler com calma os jornais, fazer sacolão, nenhuma preocupação em fazer a cama, poderia ficar pra mais tarde. O café da manhã também era mais pensado, mais lento, porque era sábado. Um ovo quente, mexido ou frito mesmo. Sacolão feito, o almoço hoje poderia ser fora. Ficava pensando nos restaurantes com preços justos, escolhia um. Não importa se o Ritz, o Ráscal, o Modi ou Le Jazz. Tínhamos a tarde livre para passeio. Uma exposição no Moreira Sales, um pulo na Livraria da Vila, uma rede, um bom livro. Era sábado, pô! E ainda tinha um domingo inteiro pela frente. Domingo era dia abrir a porta e receber os amigos, muitos, do peito. O dia inteiro falando de jornalismo, de viagens, coisas sérias e bobagens. Sábado era sábado e domingo era domingo. Domingo era um dia sagrado: nunca aspirar a casa, nunca ligar a máquina de lavar roupas, nunca ver o Faustão. O fim de semana está chegando. Vou abrir as janelas pra que entrem todos os insetos.