OS PÁSSAROS

Hoje eu não vou sair de casa para enfrentar o coronavírus. Não quero encarar aqueles pássaros assustadores de Alfred Hitchcock. Melros enfurecido com a presença do ser humano, todos pretos, que vão e voltam e bicam e não se satisfazem. O vírus pode estar escondido numa árvore, num banco de ônibus, no teclado de um caixa eletrônico do Itaú Personalité, do Bradesco Prime, pode estar escondido na maçaneta do banheiro do Shopping Higienópolis, no corrimão da escada rolante da Galeria do Rock. Os melros a gente ainda enxergava, protegia a cabeça com as mãos quando eles vinham. O vírus só vi na televisão. Não há bala de revólver que o mata. Não há um pedaço de pau, uma pedra, um soco que o derrube. Fecho as janelas porque ele voa e pode entrar, lavo as mãos com água e sabão porque ele pode grudar. Coloco máscara porque ele pode sorrateiramente entrar pelos sete buracos da minha cabeça.   

Um comentário em “OS PÁSSAROS

  1. Alegria! Alegria! Alegria!
    Foi como reencontrar o Sol nas bancas de revista.
    Que alegria encontrar seu blog e verificar que você continua melhor ainda, apesar da adversidade (momentânea).
    Agora, coloquei seu blog como um dos favoritos e poderei ler novamente todos os dias o que você tão bem escreve e expõe sobre a sociedade, a cultura e o jornalismo no Brasil E no mundo.
    Parabéns pela luta.
    Forte abraço
    Laerthe de Moraes Abreu Junior
    (Diretamente das trincheiras de Lavras, MG)

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