Sonho com labirintos que não existem. Acordo pensando naqueles dos palácios de Viena e vejo-me aqui neste que existe na Lapa. Quartos, sala, cozinha, banheiro, revistarias, escritório, varanda. Poucas plantas, nada a ver com aqueles labirintos transbordando de glicínias que avançam e fecham qualquer saída. Não quero me perder por ai, sentir os pés no chão, andar ligado, mas ao mesmo tempo ser um mutante esperando a vacina no braço, na língua, onde for. Russa ou chinesa, não importa. Quero sair daqui, dar passos largos, sentir o cheiro de gasolina saindo do motor. Se não fosse a música permanentemente no ar, os livros em cima da mesa, as revistas, os jornais, se não fosse minha família, se não fosse o bife à milanesa que espalha seu cheirinho bom pela casa, já teria avançado sobre as glicínias, não tenho dúvidas.