A semana termina com uma pulga atrás da orelha. Qual foi a participação dos militares na tentativa de golpe no domingo, 8 de janeiro? Muita gente foi presa, fichada. Tinha muita gente à toa, mas tinha também pequenos empresários, políticos, estudantes, vagabundos, vândalos, terroristas.
Desconfiado, macaco velho, Lula demitiu um monte de militares que estavam ali à serviço do capitão do barco que afundava a cada dia. Colocou no lugar gente de confiança. Tem de ser assim mesmo, não dá dormir com o inimigo.
Os sem noção reclamaram da prisão. Das instalações, do banheiro fedido, da cama dura, da comida de cachorro, segundo eles. Um chegou a bradar: “eu não pedi pra ser preso!”
Muitos foram para casa, uns livres, leves e soltos, outros arrastando uma tornozeleira. Ninguém sabe o destino que tomaram. Se continuam achando que houve fraude naquele 30 de outubro, se continuam chamando o capitão de mito. Uma coisa é certa: todos vacinados!
Aos revoltosos, sorry! Desculpe a poeira, o barulho, o transtorno. Estamos em obras, reconstruindo um novo país. O prazo de entrega da obra é 31 de dezembro de 2026. Sorry.
Não somos chineses, mas vamos comemorar a chegada do Ano Novo. Feliz 4.721! que é um símbolo da paz, do intelecto e de cautela. Segundo a mitologia, o coelho foi um dos doze animais que disputaram uma competição cósmica de natação que acabou determinando a ordem dos signos do zodíaco chinês.
Que assim seja!
O meu pai costumava dizer que o corpo humano era como um automóvel. Brincava, que se comprasse um caro zerinho, atravessasse a rua e entrasse numa oficina mecânica, iam encontrar um monte de coisas pra fazer nele.
Com o passar do tempo, o carro começava a dar defeito, a bater pino, e com o corpo humano era a mesma coisa.
Era assim que justificava sua diabetes, sua hérnia umbilical. Comparando com a sua Rural, que ia apresentando problemas com o passar dos anos.
O meu pai foi dono de uma Rural durante mais de vinte anos. Raramente entrava numa oficina mecânica, tempo em que oficina mecânica era sinônimo de imundice, muita graxa, muito óleo no chão e uma sueca nua na folhinha dependurada na parede.
Não gostava de ir ao médico, só ia quando a coisa ficava feia. Só ia ao mecânico, quando a Rural simplesmente não pegava mais.
Tem uma semana que eu me lembro dele todos os dias. Isso porque resolvi fazer um check-up completo, revisão dos 72 mil quilômetros rodados.
Como se tivesse batido com a Rural, levei um tombaço de um banco, quando tentava, de meias, do alto dos meus 72 anos, pegar o livro Crônicas Caribenhas, do Gabriel Garcia Márquez, lá em cima na última prateleira, rente ao teto do meu escritório.
A dor no ombro me levou a uma especialista em ombros, que depois de um exame minucioso, veio o diagnóstico: alteração degenerativa acromioclavicular, com esboços osteofitários marginais e discretos cistos subcondrais, além de expessamento cápsulo-ligamentar.
Ainda bem que oacrômio se apresentou sem inclinações anômalas
Resultado: vou ter de operar.
Como vinha sentindo dores nas pernas ao caminhar, e gostei do hospital que fui ver o ombro, resolvi fazer uma ultrassonografia com doppler. Não me lembro mais se colorido ou não.
Muito cuidadoso, o médico ia me explicando, me mostrando na tela, o movimento do meu sangue nas veias. Fiquei impressionado. Ele me acalmou e deu o veredito: sua veia aorta está com refluxo! E aí, perguntei. Sugiro cirurgia, disse ele. Não é grave, não é urgente, mas um procedimento vai acabar com essa sua dor.
No terceiro dia fui ao oftalmologista, passando por toda aquela via crucis. Pinga colírio, coloca o queixo no aparelho e começa a recitar letras
Melhorou? E agora? Melhorou ou piorou? Assim está melhor?
Bem, depois dessa maratona, ele veio com uma sugestão: você tem um principio de catarata e eu sugiro cirurgia.
Resumo da ópera: em três dias, fiquei sabendo que preciso operar do ombro, da perna e do olho. É como se a Rural estivesse com a marcha quebrada, os pneus murchos e a bateria arriada.
Ainda falta ver como estão os pulmões, os rins, o pâncreas, a pele, os ossos… o coração. Bem, o coração eu tenho certeza que continua apaixonado pela vida!
[www.cartacapital.com.br]
Maravilhoso seu editorial. Amei. Obrigada por tanto bom humor, poesia, inteligência.. o motor está ótimo , melhor que nunca! Não vai ser um pneu murcho que vai aposentar essa Rural.
Seu editorial me comoveu e me ´inclinou a deixar esse comentário ! Saiba que estamos aqui enviando muito AXÉ ! Acredita em pensamentos que de tanto amor provocam surpresas e bem estar ? Pois já estamos aqui « firmando » como dizia minha falecida mãe de Santo do Morro do Chapéu mangueira no Rio.
Meu pai também teve uma Rural Após mais de 20 anos de uso ela foi « transformada » em outro veículo…. Pois o motor de uma Rural é de um valor inestimável !