
A minha primeira leitura nos jornais de domingo é a página C2 da Ilustrada que abriga um perfil/entrevista, quase sempre bem conduzido, de pessoas interessantes, algumas vezes em voga, outras não. Neste domingo, primeiro dia de março, tive uma surpresa ao abrir o suplemento de variedades da Folha e encontrar lá a personagem da semana que, confesso, nunca tinha ouvido falar. Talvez por ignorância ou por não costumar ler as colunas onde o seu nome costuma frequentar: Antonia Fontenelle! Aos poucos, lendo a matéria, fui sabendo de quem se tratava. Companheira do ator e diretor Marcos Paulo durante alguns anos, comprou uma briga na justiça com a família dele para ter uma fatia do bolo, assim que ele morreu. Antonia é um pouco de tudo. Meio atriz, meio socialite, meio famosa, meio jornalista, soube que tem um programa de entrevistas no Youtube chamado “Na Lata”, que “bomba”. Acabei de ler a página com o seu perfil e fui direto pro computador para me inteirar que programa era esse. Descobri que Antonia é assim uma espécie de Joice Hasselmann, no jeitão. Suas entrevistas são geralmente com pessoas de direita, pessoas que pensam como ela. Usa e abusa daquela frase “eu sou assim, pergunto mesmo”, como se estivesse arrancando do entrevistado um grande furo de reportagem. Tive a paciência de ver algumas dessas entrevistas, sempre lembrando dos milhares e milhares de seguidores que ela tem. No fundo, a gente se diverte. Por exemplo, ao ouvir dela que o GNT é um canal de esquerda e que o cantor e compositor Gilberto Gil é incoerente, pois como pode uma pessoa de esquerda (só faltou dizer que ele é comunista) fazer uma música que diz “andar com fé eu vou porque a fé não costuma falhar”. Essas duas afirmações foram ditas a Danilo Gentilli, seu companheiro de “partido”. Resumo da ópera: daqui pra frente, quando alguém falar em Antonia Fontenelle eu vou saber quem é. Infelizmente. (AV)
[foto Reprodução Na Lata]