JÁ VOU EMBORA, MAS SEI QUE VOU VOLTAR

De repente, vem na cabeça aquela canção de Geraldinho Azevedo, ainda mais quando vai chegando a hora de voltar pra casa. Já vou embora/Mas sei que vou voltar. Voltar um dia aqui pra comer feijão verde, macaxeira frita, arroz de nata, pirão de queijo, carne seca com pimenta. Voltar pra comer caju, cajá, siriguela, melão, umbu e jamelão, se lambuzar. Tomar sorvete de açaí na Tropical, camarão à milanesa no Camarões, moqueca no Nau, essas coisas todas. Sei que vou voltar aqui um dia pra rever o mar tão lindo, com os seus cinquenta tons de verde e temperatura ambiente. Me divertir vendo os pescadores puxando a rede apinhado de tainhas, voltar pra ver todo mundo dando bom dia, boa tarde e boa noite, mesmo sem nunca ter te visto. Sentir o vento forte soprando o tempo todo, deixando as árvores inclinadas para um lado só, derrubando manequins na areia, corpo para um lado, biquini para o outro. A hora é de voltar, voltar a respirar fumaça, se alimentar de notícias encavaladas, uma atrás da outra, vinte e quatro horas por dia, cair a ficha, cair na real. Sentir saudade, enfrentar a turbulência do fim de mais um ano, notícias de panetone, publicidades piegas de tempo de confraternização, retrospectiva. Por enquanto, enquanto o avião não chega de Fortaleza, ser cafona, cantarolar uma velha canção imitando Wanderley Cardoso: o pic-nic foi bom, mas a volta é que foi tão triste…  

texto & foto/Alberto Villas

 

TEMPO TEMPO TEMPO

O bom de férias é o tempo que temos. Mesmo que seja por pouco tempo, são vinte e quatro horas por dia, praticamente livres. A segunda se mistura com a terça, de repente é sexta e o fim de semana não faz muita diferença. Durante o voo São Paulo-Natal, flutuei lendo a biografia de João Gilberto, saída das mãos de Zuza Homem de Mello, que morreu logo após colocar o ponto final no livro. Trata-se de um criterioso e completo ensaio sobre a obra que o genioso João nos deixou, disco após disco, show após show. Tudo cheio de minuciosos e saborosos detalhes, muitos deles que só o velho Zuza sabia. Uma delícia. Aqui, entre um mergulho no ora azul, ora verde mar, mergulhei na leitura dos diários de Emilio Renzi, ou melhor Ricardo Piglia. Detalhes também minuciosos da feitura de Respiração Artificial, sua obra prima. Os rascunhos, os acertos, os consertos, a capa, a orelha, a contracapa. O sofrimento de um escritor ao ver uma página em branco e a necessidade de ir preenchendo cadernos e mais cadernos registrando cada passo de uma vida. São assustadoras as anotações para um leitor apaixonado por diários. Sutis diferenças, incríveis coincidências. Devorado o livro, mergulhei no Catorze Camelos para o Ceará, do jornalista Delmo Moreira. Há muito não lia uma pesquisa tão apurada de uma história extraordinária, quase esquecida e que Delmo trouxe à tona. Diversão garantida. Ai chegou, via Kindle, a biografia de Lula, escrita pelo também jornalista Fernando Morais. Mergulhei pouco no mar porque os mergulhos foram muitos e profundos na obra de Morais. São detalhes cirúrgicos que só o jornalista que passou um bom tempo colado a Lula poderia nos contar. Sem meias palavras, o livro mostra claramente que foi sim um golpe que derrubou Dilma, que a GloboNews colocou no ar uma fake news dizendo que Lula resistiria e não se curvaria a ordem de prisão do juiz parcial Sergio Moro, que um minúsculo microfone foi instalado debaixo do colchão do ex-presidente pela Polícia Federal, as mentiras que a imprensa engoliu e vomitou, as centenas de informações tendenciosas. são tantas coisas que vou parar por aqui porque ainda tenho algumas dezenas de páginas para ler. Resumo da ópera: os quatro livros das férias são altamente recomendáveis. 

texto & foto/Alberto Villas

VAL DO COCO

A barraca de coco da Val está localizada num local estratégico de Natal. Debaixo de um frondoso cajueiro, bem na entrada da passarela de pedras que nos leva até a Fortaleza dos Reis Magos. Debaixo de um sol de 40 graus, não tem uma alma viva que não faz um pitstopop ali para tomar uma água de coco estupidamente gelada depois da visita. Val, aos 62 anos de idade, vende também refrigerantes – Coca-Cola, Fanta e Guaraná Jesus – além de garrafinhas de água, quase congeladas. Debaixo de um isopor, fica a gata Bandida, que não é da Val, mas é sempre acolhida por ela. Gata folgada, que fica no lugar mais fresco do pedaço, de vez em quando recebendo uns pingos gelados no corpo, que caem do isopor suado. Ela tem trabalhado duas vezes por semana naquele ponto, aos sábados e aos domingos, e nos feriados prolongados. Mas já está se programando para o batente todos os dias quando a fortaleza, em obras, voltar a abrir. Val é uma mulher nordestina, forte, guerreira, batalhadora, como todas. Não, ela não mandou vídeo para o Jornal Nacional explicando o Brasil que eu quero. Mas ela sabe muito bem o Brasil que ela quer. Está certa de que quem votou em Bolsonaro não se surpreendeu. Todo mundo sabia que esse homem é do mal, uma espécie de capeta. Sem que ninguém perguntasse, ela foi logo dizendo: ano que vem eu voto em Lula, na minha casa todo mundo é Lula e sempre vai ser. E não é só lá em casa não, esse pessoal todo aqui, disse ela abrindo os dois braços e praticamente abraçando a orla, apinhada de vendedores de coco, de gelo, de camarão, de caju, de guaraná Jesus. Não sei se Val do Coco gravasse um vídeo explicando o Brasil que ela quer, iria ao ar no Jornal Nacional.

texto & fotos/Alberto Villas 

PRONTO, ACABOU!

Uma semana por aqui e ainda não vi ninguém, sequer uma pessoa, uma pessoa só, lendo um jornal. Jornal de papel, com manchetes, fotos, chamadas, suplementos. Em uma banca na Ponta Negra, entrei e fiquei observando. Ali tinha Coca-Cola, Fanta Laranja, água Ster Bom sem gás ou com gás, Gatorade, gelo. Tinha chocolate, chicletes, Halls, picolés de graviola, umbu, cajá, caju e salgadinhos industrializados. Vi a Piauí, a Veja, a Carta Capital, a Autoesporte, algumas revistas para colorir  e um pilha pequena, uns dez jornais Tribuna do Norte, aquele jornal que o Henfil colaborava quando morou aqui nos anos 1970, isso já contei quando cheguei a Natal. A edição é magrinha magrinha, lembra um jornal de qualquer cidade do interior, o Cataguases, por exemplo. Folheei rapidamente, tinha muito pouca coisa para ler, quase nada. Não tinha caderno de cultura, o que achei muito estranho. Sei que o atual governo está fazendo de tudo para acabar com a nossa cultura, mas ver que não tinha caderno de cultura na Tribuna do Norte, foi muito triste. Não me iludo. O jornal de papel está em plena extinção. Ninguém mais compra, ninguém mais lê. Saudade daqueles domingos em que a gente comprava o jornal no final da tarde de sábado, pesando mais de quilo. Ia lendo e jogando os cadernos pro lado, até cochilar, depois daquela macarronada, daquele arroz de forno, daquele frango assado, daquela maionese, daquela cervejinha gelada. Esse mundo acabou. As notícias agora estão apenas aqui, no computador ou no celular. Você nem fica sabendo se as pessoas leram as notícias ou não. Não adianta chorar. 

texto/foto Alberto Villas

SEGUE O SECO

Quando a vida de uma pessoa é andar por esse país, e chega ao Nordeste, vem aquela imagem de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira na cabeça e não sai mais. Quando se pisa nessa terra alaranjada, bem poeira, quente de derreter Havaianas, não há como não lembrar da asa branca, da terra seca qual fogueira de São João, do Deus do céu, de tanta judiação. Se gritar o nome do velho Lua aqui no meio do Sertão, vai ecoar: presente! Gonzaga, aquele que chegou no forró moído, depois de andar dezessete léguas e meia só pra ver se Rosinha tava lá, o cabra da peste que convidou a comadre Sebastiana pra dançar um forró na Paraíba e ela veio com uma dança diferente, o mesmo que só deixaria o seu Cariri no último pau de arara. Entra em beco, sai em beco, e o sanfoneiro parece presente no ar, nas nuvens, em cada cena dessa vida seca. Gonzaga é uma simpatia que contaminou todos daqui, uma simpatia que se espalhou pela plantação. Já fazem três noites que pro Norte relampeia e a asa branca ouvindo o ronco do trovão, já bateu asas pro sertão, mas nem um pingo d’água pra salvar a plantação. Andando por aqui, lembrei-me da Sudene, criada por Celso Furtado quando eu tinha nove anos. Todo dia ouvíamos falar da Sudene na televisão. Surgia como a salvação da lavoura, colírio para os olhos rasos d’água. A Sudene saiu de moda, sei lá. Por aqui, a gente dá muito valor a uma garrafa d’água, como se fosse petróleo. Lembro-me de Gil e sua Onda Azul, também tão esquecida. Ai, de repente, vem Dominguinhos na cabeça: traga-me um copo d’água, eu tenho sede e essa sede pode me matar.

 

ON THE ROAD

Desde pequenininho, eu pensava nisso. Sair andando pelo mundo, que fosse à pé, de trem, de bicicleta, de motocicleta, sempre em frente, sem olhar pra trás. Fui crescendo e, na juventude, deparei-me com Easy Rider, me apaixonando por Peter Fonda e Dennis Hopper. Mais tarde, já adulto, veio Paris-Texas. Caminhar, caminhar, caminhar por trilhas, por trilhos de trem, estradas de terra, caminhos de pedra, sem destino. Sempre achei que devia ser muito bom isto. De vez em quando acontece. Não estudo mapas, não faço roteiros, sei que sou meio egoísta, mas sempre tenho companheiras ao lado que se ocupam de tudo e gostam, se entusiasmam com os caminhos, as estradas, os vilarejos, as cidades, os lugares desse mundo de meu Deus. Hoje, tudo mais facilitado pelo Waze. Pegamos logo cedo  a estrada rumo ao estado da Paraíba. Foi assim que vimos muitas coisas. Lavadeiras encarando trouxas e mais trouxas de roupa, esfregando peça por peça com água corrente do rio. Batendo tudo com um pedaço de pau, talvez um taco de beisebol, pra amaciar, depois esticar, quarar e colocar no varal. O vento norte é forte, vento bravo que não para, seca tudo em quase minutos. De tempos em tempos víamos o mar e matávamos a saudade. encontramos casas, casas coloridas, casinhas tão simples como aquelas que desenhávamos no Grupo Escolar Pandiá Calógeras. Passamos por aventureiros em Kombis azul calcinha, vimos barquinhos estacionados, cansados de pesca. Passamos por reservas de cachaça guardadas em barris de carvalho, vimos até uma bandeira de Cuba com a figura de Che Guevara., tipo soy loco por ti, Rio Grande do Norte. Passamos raspando na Paraíba e chegamos a Baía Formosa, a cidade de ítalo Ferreira, orgulho de todos. Foi quando a tarde caiu e soubemos da morte de Cristiana Lobo. Um minuto de silêncio por ela. Soubemos também que Gil é o novo imortal da Academia Brasileira de Letras. Eu já sabia. O Waze nos informa que estamos em Tibau do Sul, Waze que, segundo Gil, é um nome feio mas o melhor meio de você chegar.  Agora é tentar por ordem no álbum de fotografias.

texto/fotos Alberto Villas

 

 

ARQUITETURA

A gente vira a chave quando bate os olhos nas casas de Galinhos, no Rio Grande do Norte. A gente que cultua os traços de Oscar Niemeyer, as ideias geniais de Lina Bo Bardi, a perfeição de Paulo Mendes da Rocha, de Zaha Hadid, as curvas de Le Corbusier ou retas de Frank Lloyd Wright, fica pensando quem são os arquitetos de Galinhos, os caras que desenham essas casinhas, escolhem as combinações de cores, os traços, as formas. Mesmo com o calor de um Saara e as areias escaldantes de um deserto de Lut, no Irã, não tem como não estancar diante delas e ficar admirando, sonhando com o interior de cada uma,  a simplicidade como meio de vida. As flores de plástico sobre a mesa de jantar, o oval das fotos coloridas dos ancestrais na parede, o sofá encapado para não sujar de pó, a colcha de fuxico na cama, o liquidificador Walita dos anos 1970, a geladeira Gelomatic com pontinhos de ferrugem nos cantos, as roupas comuns dependuradas nos varais. São lindinhas as casas de Galinhos, mesmo aquelas já meio ruínas, esperando um dinheiro do açaí entrar no alto verão para uma reforma mais caprichada.

texto/fotos Alberto Villas

 

 

 

 

 

 

BACURAU

A gente vai se embrenhando e se embrenhando por este estado, comendo pó, cuspindo tijolo, fotografando ruínas, na certeza de que, de repente, chegaremos a Bacurau. Tudo indica. Não encontramos uma alma viva pelo caminho, animais apenas bois, jegues e cabras, enquanto percorremos quilômetros e quilômetros de incerteza. Minto. Encontramos a Carmem que vem até a cerca de sua casa amarela e nos  aponta:

-Este é um pé de caju!

-Este é de algodão.

-Aquele é um pé de azeitona.

-Aquele mais longe lá é de seriguela.

Os mandacarus fuloram aqui na seca, queira Deus que que seja sinal de chuva no sertão. A aparência de um faroeste caboclo desaparece nas curvas da RN-310 quando eu tento esquecer o amor que tenho por São Paulo. Lá longe, a beleza do mar, o sossego das ondas vão desconstruindo as cenas do filme que vimos um dia. Se for, vá na paz! E vamos caminhando na paz, e acabamos chegamos aqui sem nenhuma, nenhuma notícia mesmo. Se alguém caiu, se alguma medida provisória foi aprovada, se o preço da gasolina subiu, se uma bala perdida matou mais um preto numa comunidade do Rio, não estamos sabendo. No meio do caminho, avistamos um acampamento do MST, instalado ali desde 2010. A bandeira tremula no meio do terreno porque o vento é forte. Passamos por Touros, onde o Brasil nasceu, Caraúbas, Parazinho, alguns vilarejos sem nome próprio, até chegar a Galinhos, num barco que enfrentou ondas grandes nessa época do ano. Navegar foi preciso até chegar aqui e colocar novamente os pés na Terra Brasilis, O barco, meu coração quase não aguentou tanta tormenta. Como é viver aqui? Um cachorro quente de sol nos recepciona dormindo no meio da passarela, tranquilão. Como é nascer aqui e passar todos os dias neste lugar? A vizinha, esticada numa rede, conversa com o marido, esticado em outra, no alpendre da casa colorida de laranja e verde. Falam alto, brigando com o som da televisão  de tela plana, instalada estrategicamente na sala. Ela fala alto e pergunta provavelmente para os seus botões:

-Que diacho investigam tanto esse avião…

E o marido, que acompanha sempre o Repórter Esso de perto, explica:

-Se a culpa for de avião, é a companhia quem vai pagar.

-Se a culpa for dos fios, é a companhia de eletricidade quem vai pagar.

-Se a culpa for do aeroporto, é a ANAC quem vai pagar.

E a conversa encerra. Tenho dito! A lua nova ilumina o vilarejo, o silêncio vai se espalhando e tomando conta de tudo. O farol pisca de tempos em tempos lá longe, bem longe. Os cachorros deitados  no meio da rua vão se acomodando para dormir por ali mesmo, despreocupados com o trânsito que não tem. A maré subiu, amanhã baixa. Se viemos, se chegamos até aqui, foi na paz.

Alberto Villas/texto e fotos

 

 

 

 

 

O QUE RESTOU DO BRASIL

Era 1976, o cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil, no auge da fama, anunciou que estava se mudando para o Nordeste, mais precisamente para a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. A notícia chegou até o meu exílio, a uns dez mil quilômetros de distância mais ou menos. Não entendi nada e perguntei aos meus botões, o que teria levado o pai dos Fradinhos a deixar o Sul Maravilha, como ele chamava, Ipanema e redondezas, e ir aportar lá no alto do mapa do Brasil? E ele foi. Alugou uma casa na Praia dos Artistas, cuja janela tinha vista para a areia branca e o mar azulzinho de Natal. Uma beleza, uma espécie de paraíso. Numa sala enorme, ele trabalhava de bermuda, camiseta sem manga e sandálias Havaianas. Henfil comprou uma fotocopiadora dessas robustas, Xerox Profissional, e como o correio andava arisco, enviava ao Pasquim as cópias das suas tiras, das suas tiradas. Estantes pelos quatro cantos do cômodo, guardavam organizadamente sua produção, um capricho mineiro, apesar dele não ter cara de muito capricho não. Durante dois anos, o criador do Bode Orelana, do Zeferino, da Graúna, viveu assim, praticamente sem rádio e sem notícias das terras civilizadas. Começou a colaborar com a Tribuna do Norte, jornal local, que se orgulhava em publicar inéditos de Henfil diariamente. Quando perguntavam a ele que diabos estava fazendo, morando em Natal, costumava responder: foi o que sobrou do Brasil. Vivíamos a ditadura de Ernesto Geisel, mas havia combate. Chico Buarque rascunhava a canção Meus Caros Amigos, Walter Franco cantava baixinho Me deixe Mudo, Sergio Sampaio botava o seu bloco na rua, Rubem Fonseca escrevia Feliz Ano Novo e Ignácio de Loyola Brandão lançava Zero, na Itália. Hoje estou aqui, na capital do Rio Grande do Norte. Vim ver de perto o que sobrou do Brasil.  

Alberto Villas                                                           

O SOL EXTRA

Lucas Pasin, Rodolfo Vicentini e Ed Wanderley

De Splash, em São Paulo

A cantora Marília Mendonça morreu hoje aos 26 anos em um acidente de avião na zona rural de Piedade de Caratinga (309 km a leste de Belo Horizonte, em Minas Gerais). A informação foi confirmada a Splash pelo Corpo de Bombeiros. A Polícia Militar de Minas Gerais confirmou que o produtor, tio da cantora, piloto e co-piloto também morreram no acidente.

“O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais informa que nesta sexta (5) ocorreu a queda de uma aeronave de pequeno porte, modelo Beech Aircraft, na zona rural de Piedade de Caratinga. O CBMMG confirma que a aeronave transportava a cantora Marília Mendonça e que ela está entre as vítimas fatais”, diz a nota dos Bombeiros.

“Com imenso pesar, confirmamos a morte da cantora Marília Mendonça, seu produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, do piloto e co-pilto do avião, os quais iremos preservar os nomes neste momento. O avião decolou de Goiânia com destino a Caratinga/MG, onde Marília teria uma apresentação esta noite. De momento, são estas as informações que temos.”, confirmou também a assessoria. Famosos lamentaram a tragédia. O resgate dos outros tripulantes ainda está em andamento, informaram os Bombeiros à reportagem. O restante da banda dela fez o trajeto de ônibus. A artista saiu de Goiânia (GO) e se apresentaria hoje à noite em Caratinga (MG)…. – Veja mais em https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/11/05/aeronave-com-marilia-mendonca-e-produtor-cai-em-mg.htm?cmpid=copiaecola

[do UOL]

LEIA TAMBÉM:

A morte da cantora Marília Mendonça desencadeou uma gigantesca cobertura na TV aberta e nos canais de notícias da TV por assinatura. Como costuma ocorrer em situações trágicas e imprevistas, os momentos iniciais foram marcados por muita desinformação e exageros. Com base em informações fornecidas pela assessoria de imprensa da cantora, vários veículos chegaram a noticiar no meio da tarde de sexta-feira (05) que todos os passageiros do avião estavam bem e haviam seguido para um hospital para realizar exames. Diante da ansiedade geral por notícias, essa informação errada se propagou em velocidade, causando enorme confusão. Todas as cinco pessoas que estavam dentro da aeronave morrer… – Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/mauricio-stycer/2021/11/05/desinformacao-e-exibicao-de-corpos-marcam-cobertura-da-morte-de-marilia.htm?cmpid=copiaecola

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O SOL EXTRA

O pianista Nelson Freire, considerado um dos maiores do mundo e detentor de vários prêmios, morreu no Rio na madrugada desta segunda-feira (1º), aos 77 anos.

O músico estava em casa. As causas da morte ainda não foram reveladas.

Mineiro de Boa Esperança, nascido em 18 de outubro de 1944, Nelson Freire começou a tocar piano aos 3 anos de idade, vendo a irmã estudar o instrumento. Dois anos depois, ele fez seu primeiro recital, no Teatro Municipal de São João Del Rei.

Naquela noite, os pais se preocuparam que ele dormisse antes da apresentação e fizeram questão de massagear as mãos dele para afastar o frio.

O talento de Nelson o levou à Europa com 12 anos para estudar com os melhores professores. Com 15, ele dava seus primeiros concertos.

Consagrado pela crítica europeia, Nelson se apresentou com as melhores orquestras do mundo e se tornou um dos grandes intérpretes de Beethoven. Ele também era conhecido por ser um grande intérprete de Chopin.

Durante décadas, Nelson se recusou a fazer gravações. Para ele, a música só acontecia ao vivo, diante do público. A partir de 2001, ele começou a lançar grandes discos, como o dedicado à obra de Debussy. Ele também fez interpretações da obra de Villa-Lobos. [DO G1]

NANI 1951-2021

Morreu na manhã desta sexta-feira, em Belo Horizonte, vítima da Covid-19, um dos mais brilhantes cartunistas que tivemos, o Nani. Autor de Vereda Tropical e de milhares de cartuns geniais, Nani estava isolado em Esmeraldas, sua cidade Natal, mas foi infectado. Estava internado em uma clínica na capital mineira e não resistiu ao vírus. Nani deixa dois filhos, Juliano e Danilo, uma neta, a Manuela, e a mulher, Inez. Além de deixar o Brasil mais triste ainda. 

NOBEL DA PAZ 2021

Maria Ressa e Dmitry Muratov ganharam o prêmio Nobel da Paz de 2021 por seus esforços para defender a liberdade de expressão, anunciou a Academia Real das Ciências da Suécia nesta sexta-feira (8).

A academia afirmou que Ressa e Muratov receberam o Nobel da Paz “por sua corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia” e que a liberdade de expressão “é uma condição prévia para a democracia e para uma paz duradoura”.

“[Os laureados] são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”, afirmou a entidade responsável pelo prêmio Nobel.

“Ressa usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal, as Filipinas”, descreveu a academia sueca. Ela é cofundadora da Rappler, uma empresa de mídia digital de jornalismo investigativo. [G1]

NOBEL DE LITERATURA 2021

Abdulrazak Gurnah ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2021. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (7) pela Academia Sueca.

Segundo a Academia, o prêmio foi concedido “por sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes.”

Gurnah nasceu em 1948 e cresceu na ilha de Zanzibar, chegando na Inglaterra na década de 1960 como refugiado. Ele publicou dez livros e diversos contos ao longo da carreira. A temática de refugiados é a base de todo seu trabalho. [G1]

 

SOL NEWS

Por Jotabê Medeiros

As primeiras grandes obras que eu vi na minha vida foram faroestes. Django, Sartana, Trinity. De todos, “Irmãos Coragem” foi o que mais me marcou, um faroeste brasileiro que eu via como televizinho (não tivemos TV até minha quase adolescência). Até hoje lembro dos irmãos Jerônimo, Duda e João Coragem, mas também de Donana, Juca Cipó, Diogo Falcão.

Nessa novela, João Coragem era vivido por Tarcísio Meira. Havia algo de monumental na forma como ele ocupava toda a tela quando aparecia, com seu queixo de herói de quadrinhos, sua elegância quando pronunciava os erres, a facilidade com que assumia toda a indignação do mundo em sua inocência matuta, cabocla. João era um misto de Lampião e Clint Eastwood, de Cisco Kid com Shazam. Era o galã e era também a negação do galã.

Cresci querendo ser João Coragem. Depois, quis ser o Rodrigo de “Cavalo de Aço”, o Antonio Dias de “Escalada”, O Raul ou o Hugo de “O Semideus”, o Dom Pedro I de “Saramandaia”, um certo Capitão Rodrigo Cambará de “O Tempo e o Vento”, o Berdinazzi de “O Rei do Gado”.

Tarcísio foi o Cristo Militar de “A Idade da Terra”, de Glauber. Foi o Aprígio de “Beijo no Asfalto”. Foi o Boca de Ouro, foi o Caçador de Esmeraldas, foi Papai Noel, foi Lorde Williamson. Beijou na contramão atrapalhando o tráfego e as convicções machocêntricas. Era Nelson Rodrigues e era Guimarães Rosa, era Shakespeare e era Ariano Suassuna.

Quando a Globo o demitiu, e à Glória Menezes, a companheira de uma vida, eu pensei: rapaz, é como se uma pessoa arrancasse a própria pele para tentar viver de novo. Isso não vai dar certo. Ninguém em sã consciência pode extirpar de si o legado de quase 80 novelas, teleteatros, especiais e séries.

Tarcísio e Glória recriaram a mística do amor eterno para milhares de pessoas, talvez milhões – na Ilha Grande (RJ), na Enseada do Saco do Céu, eles passaram sua lua de mel numa casinha na Praia do Amor. Reza a lenda que o casal que nada junto nessa praia nunca mais se separa.

Ele foi espezinhado pela Vera Fischer quando já envelhecia em cena, por esquecer as falas. Isso só me fez gostar ainda mais dele, mas também não me fez detestar a Vera.

Tarcísio, morto de Covid-19 hoje em São Paulo, onde nasceu, aos 85 anos, deu à arte da interpretação um status de fato social, fez do trabalho do ator um item da cesta de alimentos orgânicos de uma Nação.

A MORTE DE TARCÍSIO MEIRA

DO 247

Morreu nesta quinta-feira, 12, o ator Tarcísio Meira, aos 85 anos. Ele e a esposa, a atriz Glória Menezes, de 86, foram internados no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, diagnosticados com Covid-19. Glória apresentou sintomas leves, enquanto o ator precisou ser intubado.

Entre novelas, séries e teleteatros, Tarcísio carimbou seu nome em mais de 60 trabalhos. Entre os títulos mais marcantes estão Saramandaia (1976), Roque Santeiro (1985), Araponga (1990), Fera Ferida (1993), O Rei do Gado (1996), Hilda Furacão (1998), O Beijo do Vampiro (2002), A Favorita(2008), e Velho Chico (2016). Seu último trabalho na TV foi a novela global Orgulho e Paixão (2018), na pele de um industrial inglês.

COM DORES, BOLSONARO É INTERNADO DE MADRUGADA

 

O presidente Jair Bolsonaro começou a sentir dores na região do intestino na madrugada desta quarta-feira (14) e foi imediatamente internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Segundo pessoas próximas a Bolsonaro, o presidente foi ao hospital para fazer exames, mas acabou sendo internado. As mesmas fontes garantem que ele está passando bem. Ainda não foi divulgado nenhum boletim médico sobre os motivos que levaram Bolsonaro a ser internado e que problemas ele tem. O SOL informou, na quinta-feira passada, que durante sua live semanal, o presidente passou todo o tempo com um soluço que o incomodava. Um ajudante de ordens trouxe um copo d’água para ele, mas o soluço persistiu. Sua voz também estava rouca, quase falhando. 

 

LULA LIVRE! FACHIN ANULA A FARSA DA LAVA JATO CONTRA LULA

No meio da tarde desta segunda-feira (8), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, concedeu habeas corpus para declarar a incompetência da 13a. Vara Federal de Curitiba para julgar quatro processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva:  o do triplex no Guarujá, o do sítio de Atibaia, o do Instituto Lula e o de doações para o Instituto. Na decisão, Fachin declara nulidade dos atos decisórios, inclusive do recebimento das denúncias contra Lula.

 

POR 11 A 0, MINISTROS DO STF DECIDEM MANTER DEPUTADO NA CADEIA

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na tarde desta quarta-feira (17), por unanimidade, manter na cadeia um dos mais desqualificados deputados federais que o país já teve, Daniel Silveira, do PSL carioca. A decisão de prendê-lo foi do ministro Alexandre de Moraes, na noite de terça-feira (16), depois de o deputado divulgar um vídeo desqualificando os ministros do STF e fazendo uma defesa do AI-5, o mais abominável ato institucional decretado durante a ditadura militar. Agora, a Câmara dos Deputados vai decidir o futuro de Daniel, aquele que, um dia, quebrou em praça pública uma placa com o nome de Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada em março de 2018.