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Um dos nomes fundamentais da bossa nova, Roberto Menescal está sempre envolvido com mil projetos. Durante a pandemia, seria natural que o músico tivesse uma agenda mais folgada em função do cancelamento ou adiamento de shows, festivais e gravações. Seria. O que aconteceu, porém, foi uma enxurrada de telefonemas e convites de gravação. Um dia era um músico da Espanha; noutro, uma pianista russa.
“Trabalhos e convites começaram a aparecer até mais que antes. Agora a barra está pesada, não tenho um dia de folga. Antes da pandemia eu tinha”, diz o músico, para, em seguida, constatar: “Não posso ser assim, não posso fazer tanta coisa”.
Prestes a completar 84 anos, o autor de “O Barquinho”, canção com mais de impressionantes 3.000 regravações, “Você” e “Nós e o Mar” já havia colocado bossa em praticamente tudo em mais de 60 anos de carreira, 30 discos lançados e 400 composições, mas foi uma garotinha de 5 anos que o inspirou a criar algo inédito em sua trajetória.
Estamos falando de Maria Júlia, a Maju, de 5 anos, neta do músico. Certo dia, ainda antes da pandemia, Menescal compôs uma melodia e mandou para sua nora, Georgeana Bonow, cantora e atriz que atua há um bom tempo no mercado infantil, mas nunca havia lançado um álbum temático para crianças.
“Eu estava no camarim, quase na hora de um show, e ele me mandou um áudio. ‘Fiz uma musiquinha, é uma coisa meio infantil’, lembro-me de ele dizer. Na mesma hora fiz a letra. Quando ele viu, ficou muito animado e começou a compor outras”, lembra Georgeana, responsável também por instigar o sogro: “Comecei a dar umas cantadas nele, ‘olha, vou te levar para o infantil, infantil você não fez ainda”.
A letra à qual ela se refere é “Bossinha Legal”, mesmo nome do recém-lançado disco que marca a primeira incursão de Menescal no universo infantil. A faixa-título é uma das canções inéditas do álbum, que ainda tem “Minha Vida” e “Vovô Vovó”, ambas parcerias de Georgeana e Menescal, e “Mundo Livre”, resultado da tabelinha entre o avô de Maju e Pio Rodrigues.
“O Barquinho” ganhou nova versão e participação especial de Maju. “O Leãozinho”, de Caetano, virou um reggae com o novo arranjo de Márcio Menescal, filho do bossa-novista e integrante-fundador do Bossacucanova. Clássicos da bossa nova, “O Pato” e “Lobo Bobo” também estão entre as dez faixas do disco, que termina com “O Calhambeque”, de Erasmo, e “O Gato-To”, releitura de “Atirei o Pau no Gato”.
“Encontrei na rua um gato-to/ Muito lindo, branco e preto/ E ao me ver veio correndo/ Percebi que o gatinho me escolheu”, canta Georgeana na primeira parte da canção. “Mudei a letra e a harmonia e trabalhei um pouco na música”, comenta Menescal. “Bossinha Legal” começou a ser gravado em 2019, sem pressa. Quando tudo fechou devido à pandemia, Menescal, Georgeana e Márcio, trio que assina a produção musical, puderam se dedicar com mais atenção ao projeto.
Na parte externa da casa de Menescal, no Rio, um estúdio foi montado e as gravações aconteceram ali mesmo. O álbum ficou pronto em março deste ano. “Nossa intenção foi fazer um disco para crianças, mas que também agradasse aos adultos”, afirma Roberto Menescal. “Apesar de transitarem no universo infantil, as músicas não foram feitas somente para esse público”, completa Georgeana Bonow.
Sobre uma possível turnê pelo país, a dupla conta que vontade não falta e que os shows devem acontecer tão logo a situação da pandemia esteja controlada. Será uma boa oportunidade de levar a bossa nova para um novo público. “A bossa é cheia de possibilidades, engloba muita coisa e tem uma leveza, ainda que seja uma letra triste ou assuntos sérios. E a música infantil precisa ser leve”, diz a cantora.
Com autoridade de quem ajudou a fundar e a popularizar um estilo reverenciado dos Estados Unidos ao Japão, Menescal dá a receita: “A gente tem sempre que mexer com a bossa nova. Se deixar parada, ela se esgota”, afirma.
O que também está nos planos, ainda de forma embrionária, é um segundo álbum para crianças. Duas faixas já fazem parte do repertório: “Priminhos”, mais uma da nova safra de Menescal, e “O Vira”, megassucesso dos Secos & Molhados.
Aniversário
Trabalho não falta, mas são tempos difíceis, admite Roberto Menescal. O contexto político e os rumos do governo Bolsonaro não lhe agradam e é impossível não ser afetado pelas mortes diárias causadas pela pandemia. A música é remédio e a responsável pelas horas que ele passa submerso em melodias, arranjos, canções e parcerias. Menescal consegue se desligar de tudo quando está no estúdio, mas encarar a realidade é inevitável. “Todo dia rezo para as pessoas necessitadas. Não é justo não querer saber do que acontece lá fora”, pontua.
Na próxima segunda-feira, dia 25, é aniversário do compositor. Com “Bossinha Legal”, Menescal celebra o fato de ter concebido um disco inspirado pela neta e pelas crianças. Criança é vida nova, fantasia, poesia. “Criança pode tudo”, brinca o avô da Maju. A comemoração de seus 84 anos será entre filhos e netos, sem extravagâncias. O que não vai faltar é o tradicional sarau. “Claro, a música está sempre presente. Ela que me leva”, diz o bossa-novista.
“Bossinha Legal”
Fruto da parceria de Roberto Menescal e Georgeana Bonow, o álbum foi lançado pela gravadora Deck nas plataformas digitais e é o primeiro trabalho de Menescal para crianças. As faixas do disco também vão ganhar videoclipes – o primeiro, “Bossinha Legal”, já está no YouTube.