Nesses tempos em que somos obrigados a sair de casa usando máscara, de lavar as mãos com água e sabão umas vinte vezes por dia, nesses tempos que o álcool gel virou artigo da cesta básica, sinto falta de uma certa liberdade. Liberdade de pintar um asno verde como pintou o bielo-russo Marc Chagall. Não deve ser uma delícia desenhar um asno e poder pintar-lo de verde, verde bandeira? Sinto falta dessas liberdades, desse livre pensar é só pensar. Ninguém chegou para Chagall e disse: mas asno não é verde! Se alguém ousou em dizer, certamente ele replicou: foda-se! E o asno verde entrou para a História.
[ilustração/ O Asno Verde, Marc Chagall]