O SOL DE SEGUNDA-FEIRA

Perdeu, Bolsonaro!

Finalmente a vacina no braço das crianças

O aquecimento global é uma realidade

Os leitores da Folha comentam o polêmico artigo de Antônio Risério na Folha de ontem

O Brasil alternativo

Um câncer levou Françoise Forton

Os brasileiros perderam o medo de comprar pela Internet

Enfim… danou-se!

Um grande passo para o esporte

Tentando colocar ordem na educação

Os pais aderiram com tudo na vacinação

E 160 milhões foram empurrados para a pobreza

Onde está Ômicron?

O nosso vírus na capa da IstoÉ

Em meio a tantas notícias ruins, aumento da gasolina, temporais destruindo Minas Gerais, a variante ômicron se espalhando pelos quatro cantos do mundo, uma discussão absurda sobre vacinas para as crianças, o Cazaquistão fuzilando manifestantes, o presidente da República abrindo a boca, nos chega uma notícia extraordinária, a de David Bennett, de 57 anos, que recebeu um coração de porco geneticamente modificado.

Os telejornais da noite deixaram para dar a notícia como última matéria para que os telespectadores pudessem respirar um pouco aliviados, depois de tantos bombardeios. Respiramos sim aliviados, um pouco pelo menos. O progresso da ciência nos anima, como as eleições de outubro nos enchem de esperança.

Minha relação com porcos começou quando pulei do berço para uma cama patente de solteiro e minha mãe passou a ler historinhas infantis para que os filhos pegassem no sono. E a história dos três porquinhos era a que eu mais gostava. Gostava do enredo em si e das ilustrações coloridas, aquele lobo medonho com umas orelhas enormes e uma língua vermelha, ávida por engolir os três porquinhos, um preguiçoso, um mais ou menos preguiçoso e um trabalhador.

Aquele sopro que derrubou duas das três casas, me assustava, tamanha força ele tinha. E a carinha de medo dos porquinhos encolhidos no canto, em fuga para a casa mais segura, me deixava mais ansioso ainda, atrasando o sono.

Outros porcos passaram pela minha vida. A canção Piggies, de George Harrison, no álbum branco dos Beatles, me fez correr ao Dicionário Inglês-Português que tínhamos em casa.

Você já viu os porquinhos

Rastejando na lama?

E para todos os porquinhos

A vida vai ficando pior

Sempre tendo sujeira para

Se esbaldarem

O poema Porquinho-da-índia, de Manuel Bandeira, foi um sucesso quando o recitei numa festa da classe no Colégio Marista, há muitos anos. Mas era porquinho-da-índia, não era porco porco. Não valia.

Houve também na minha vida, a matança do porco, na Fazenda do Sertão. Uma outra história. Aquela faquinha afiada indo direto no coração do porco nunca saiu da minha memória. Depois o filé, o torresmo, o pé, o rabo, a orelha, a feijoada. Nos dias de hoje, sinto um certo arrependimento pela crueldade.

Uma vez passou por mim também a canção O Porco, de Beto Jamaica, no disco A Arca dos Bichos:

Tô muito preocupado, tô pensando na vida
Até no meu chiqueiro tá faltando comida
Eu vou me irritando de barriga vazia
Quero comer abóbora, laranja e melancia

Passou rapidinho, tinha até me esquecido.

Outros porcos passaram por minha vida. Quem, com mais de setenta anos, não se lembra dos porquinhos da Casas da Banha, dançando nos comerciais da televisão?

Pois é, teve ainda a Peppa Pig, a porquinha cor de rosa que vive com o seu irmãozinho George e seus pais, numa casa lá na Inglaterra. Ela já está fazendo 20 anos, quem diria?

Mas escuta, porque esse trelelê todo sobre porcos? Volto ao primeiro parágrafo desta crônica. Foi um porco que deu um coração novo ao David Bennett, neste início de 2022. Um porco anônimo, coitado, que não teve sequer os seus 15 minutos de fama.

Faustão estreia hoje à noite na Bandeirantes

Silvio Santos é o verdadeiro diretor de Jornalismo do SBT

Na manhã desta sexta-feira, 14 de janeiro, sou massacrado pela notícia de que um dos maiores e mais generosos corações que conheci na vida, o do poeta Thiago de Mello, parou de bater.

Amarga coincidência: também num 14 de janeiro, o de 2014, que caiu numa terça-feira, foi-se embora meu irmão Juan Gelman, o argentino que permanece como um dos maiores poetas do idioma castelhano dos últimos pelo menos 80 anos.

A última notícia que tive de Thiago de Mello foi através de um amigo que era parente próximo dele. Contou que sua memória, que sempre considerei infinita, estava indo embora rapidamente. E que isso acontecia justamente quando Thiago estava trabalhando num livro de memórias.

Pois agora essa memória se foi de vez.

Conheci Thiago de Mello em Buenos Aires, por onde ele passou rapidamente depois do golpe sangrento que liquidou Salvador Allende e a democracia no Chile, onde ele vivia exilado pela ditadura instalada em 1964 aqui no Brasil. Quem me levou para conhecer Thiago foi, sempre ele, o irmão mais velho que a vida me deu, Eduardo Galeano.

Lembro de um homem angustiado, indignado, mas cheio de fé na vida. Falamos do Brasil distante e de seus tempos chilenos, de sua amizade muito próxima com Pablo Neruda e Violeta Parra. De como foi ter traduzido Neruda para o português do Brasil e ter sido por Neruda traduzido para o castelhano. Falamos da sua dor por ter visto sua pátria adotiva ser destroçada.

Pouco depois ele foi para Lisboa, onde tornei a encontrá-lo em 1976, quando foi a minha vez de me refugiar de outro golpe sangrento, o do general Jorge Videla, que mergulhou a Argentina no breu.

A partir desse reencontro nos aproximamos para sempre. Mesmo quando passávamos um longo tempo sem nos ver, quando nos encontrávamos era sempre como se tivéssemos estado juntos domingo passado. Assim foi em Cuba, no México, em Manaus, no Rio, onde fosse.

Thiago de Mello foi figura crucial para a minha e muitas outras gerações, e não só no Brasil. Aliás, tenho a sensação de que ele foi e é muito mais incensado lá fora, na América Hispânica, do que aqui.

Tenho, sim, oceanos e cordilheiras de cálidas lembranças desse bom, generoso e solidário amigo.

Uma, porém, tem especial espaço na minha memória.

Foi em Lisboa, em meados de 1978. Tivemos uma longa e dolorosa conversa no modesto apartamento em que Thiago vivia.

Ele me contou, pedindo segredo, que ia voltar para o Brasil. Ainda não havia lei de anistia, e Thiago era odiado – com razão – pela ditadura.

Eu disse a ele que era uma loucura. Ele respondeu dizendo que naquela loucura havia dignidade e o direito de voltar ao seu país.

E então fez uma pergunta direta: “Vou chegar e vão me prender. Levo comigo minha caderneta de telefones e endereços. O seu nome está nela. Quer que eu borre?”.

Respondi que de jeito nenhum. Eu estava fora, não podia voltar, não podiam fazer nada comigo.

“Pense no seu pai, na sua família”, advertiu Thiago. Mantive minha resposta. Da mesma forma que mantive com ele minha amizade, e da mesma forma que agora, com sua partida, mergulho numa saudade amazônica.

Adeus, poeta.

O adeus a Thiago de Mello na capa da Ilustrada de sábado

O suplemento de fim de semana do Le Monde publica matéria sobre as drag queens e busca um trocadilho em inglês para sua manchete: God Save the Queens

Na capa da revista de domingo do Globo, a cantora Marina Sena. O SOL voltou a ouvir o seu primeiro disco e a conclusão é: chatinho!!!

 

 

Um comentário em “O SOL DE SEGUNDA-FEIRA

  1. PARABÉNS ALBERTO VILLAS POR EXCLUIR O BBB DO SEU RADAR.
    COM O DEVIDO RESPEITO, É O TIPO DE PROGRAMA QUE NÃO AGREGA ABSOLUTAMENTE NADA À CULTURA POPULAR BRASILEIRA AO MESMO TEMPO QUE REVELA O SINAL DE QUE A TV ABERTA BRASILEIRA NÃO TEM MAIS NADA PARA OFERECER DE BOM AO TELESPECTADOR

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