Achei que era só eu, mas quando li uma reportagem no jornal italiano La Repubblica sobre a arte da procrastinação, percebi que é no mundo inteiro que as pessoas deixam pra fazer amanhã o que podem fazer hoje. Muitas pessoas andam perguntando quantas horas tem o meu dia. Digo que ele nunca passa de 24 horas. Sim, durmo pouco, muito pouco, cinco horas no máximo. Faço muita coisa nesse tempo que fico acordado. Cedinho, edito o Sol, um jornal que passa a lupa na imprensa nacional e adora achar uma revista bacana, um título legal, uma boa reportagem em outra língua. Preparo a mesa do café da manhã da família, rego minhas plantas na varanda, cuido da horta, passeio duas vezes com o Canela, dando a volta em três quarteirões, escrevo uma crônica para a Carta Capital. Edito o diário ilustrado da família, coloco e tiro roupas da máquina de lavar roupas, coloco e tiro vasilhas da máquina de lavar vasilhas, leio jornais, revistas e livros todos os dias deitado na rede da varanda do meu apartamento sentindo o cheiro das ervas, pesquiso e escrevo o meu novo livro, O dia em que você nasceu. Vejo o Jornal Hoje, o Jornal Nacional, o Saia Justa, fico ligado o dia todo intercalando GloboNews com CNN Brasil e vejo ao mesmo tempo o Papo de Segunda e o Roda Viva. Nunca perco o Prime Time do Marcio Gomes. Quando tem futebol, deixo no mute e, de tempos em tempos, vejo o resultado. Mando zaps pros meus irmãos e filhos que moram longe daqui, respondo e-mails, espano o escritório, além de lavar as mãos e as máscaras umas vinte vezes ao dia. Pode parecer e é uma loucura essa correria. Mas loucura maior é quando tiro um Nespresso e coloco as pernas pro ar comendo um tequinho de chocolate depois do almoço, e acho que estou procrastinando. Por isso vou tirar cinco dias de férias semana que vem porque ninguém é de ferro. Nem mesmo a Margareth Thatcher era.
Boas e merecidas férias para você, Alberto Villas!
Com muitas xícaras de café e uma barra de chocolate inteira!
Sou seguidora recente – e já permanente – do seu SOL.
Obrigada por seu trabalho e bom humor.
Abraços,
Élida Murta